Cientistas tratam três doenças com mudança na técnica que ‘corrige’ gene

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Cientistas tratam três doenças com mudança na técnica que ‘corrige’ gene

Um grupo de pesquisadores do Instituto Salk, na Califórnia (EUA), encontraram uma nova forma de utilizar a técnica de edição genética “Crispr-Cas9” para combater doenças. Os resultados foram publicados na revista “Cell”.

Com a descoberta, eles conseguiram bons resultados no tratamento de cobaias com diabetes tipo I, com distrofia muscular (mutação genética que leva ao enfraquecimento dos músculos) e com lesão aguda nos rins (quando os rins perdem a capacidade de filtrar o sangue).

Considerada uma descoberta importante na maneira como a ciência estuda doenças genéticas, a técnica Crispr permite que cientistas “recortem” e mudem a composição de um código genético, responsável por nossas características e doenças hereditárias.

A nova versão dessa tecnologia, que teve os estudos liderados por Hsin-Kai Liao, do Instituto Salk, promete realizar a alteração do DNA, mas sem os “cortes”, reduzindo o risco de mutações indesejáveis.

Na forma da Crispr mais comum, a proteína Cas9 é ativada por um gene que orienta o pesquisador para o ponto certo em que o DNA é cortado. É como se a enzima estivesse “viva”. Já na forma feita pelo Instituto Salk, cientistas usaram uma forma “morta” da proteína, que consegue chegar até o ponto específico, mas o corte não é feito — ao contrário da técnica usual.

Nesse caso, os cientistas corrigem o DNA de uma forma indireta: eles usam um vírus para mudar o meio ambiente em que o gene está inserido, num mecanismo conhecido por cientistas como “epigenética”. Dessa forma, preservam o DNA, mas conseguem corrigi-lo.

Técnica corrigiu doenças – Com a nova técnica, o grupo conseguiu desativar genes relacionados à insuficiência renal em camundongos. Eles também conseguiram resultados positivos na diabetes tipo 1 com a técnica: fizeram com que células do pâncreas voltassem a produzir insulina.

Além disso, o time recuperou o crescimento dos músculos de roedores, combatendo os efeitos da distrofia muscular – que também é causada por mutações genéticas. Nesse caso, os pesquisadores conseguiram aumentar a expressão de genes “normais”, suprimindo os efeitos dos genes mutados que provocam os efeitos da doença.

Agora, os cientistas envolvidos analisam os efeitos dos tratamentos praticados nos ratos para saber se eles poderão ser utilizados em humanos. Uma de suas possíveis aplicações no futuro pode ser no combate a doenças como Alzheimer e Parkinson.

Crispr-Cas9 abriu novos caminhos na ciência
Em novembro do ano passado, um grupo de pesquisadores chineses foi pioneiro a injetar numa pessoa células que contêm genes editados usando a técnica Crsipr-Cas9. Na ocasião, a oncologista Lu You, da Universidade de Sichuan, utilizou a tecnologia para tratar um paciente com agressivo câncer de pulmão.

Desde que foi aprimorada para uso prático, em 2012, a tecnologia Crispr-Cas9 – já foi usada para alterar o genoma de embriões humanos, criar cães extramuculosos, porcos que não contraem viroses, amendoins antialérgicos e trigo resistente a pragas.

Fonte: G1

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