Isolamento de Trypanosoma caninum, Parasitas do gênero Leishmania e Diagnóstico molecular de Leishmania infantum chagasi em cães da região metropolitana de São Paulo

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Isolamento de Trypanosoma caninum, Parasitas do gênero Leishmania e Diagnóstico molecular de Leishmania infantum chagasi em cães da região metropolitana de São Paulo

Os tripanossomatídeos são parasitas, protozoários que apresentam uma grande diversidade de hospedeiros, infectam animais invertebrados e vertebrados. Estão distribuídos em quinze gêneros, destes Trypanosoma e Leishmania possuem maior importância na medicina humana e veterinária.

São mais de trinta espécies de Leishmania, vinte capazes de causar leishmaniose doença transmitida por flebotomíneos a lagartos e mamíferos incluindo o Homem. A leishmaniose pode ser cutânea, forma em que pode ocorrer cura espontânea ou visceral, forma severa que pode causar a morte.

O cão oferece risco real no ciclo de transmissão ao homem por ser considerado o principal reservatório que vive próximo ao humano. Como forma de controle da doença o Ministério da Saúde recomenda a eutanásia de animais soropositivos, porém, estudos comprovam que na presença de tripanossomatídeos, cães podem apresentar resultados positivos para doença devido à reação cruzada nos testes sorológicos. Como agravante uma nova espécie foi isolada em 2006, o Trypanosoma caninum, que habita a pele de cães e que até o momento parece não causar nenhuma doença, mas os animais parasitados por ele ao serem submetidos aos testes de diagnóstico para leishmaniose, apresentam resultados positivos.

Na região metropolitana de São Paulo não há estudos sobre a ocorrência do T. caninum e Leishmania i. chagasi.  Os objetivos deste trabalho foram detectar e isolar estes parasitas através de diagnóstico molecular baseado no gene catepsina L-like para Leishmania. O isolamento utilizou meio axênico e a caracterização molecular foi realizada utilizando os marcadores SSurDNA e gGAPDH, além de análise filogenética baseado nas sequências SSUrDNA e gGAPDH.

Foram coletadas duzentas e uma amostras de pele de cães por biópsia com punch de três mm para isolar T. caninum e L. i. chagasi; punção por agulha fina de linfonodo poplíteo para isolar L. i. chagasi e um ml de sangue venoso para realização das PCRs de cães de sete dos trinta e nove municípios da região metropolitana de São Paulo, incluindo São Paulo capital. Todas as biópsias de pele foram negativas para T. caninum e uma positiva para Leishmania i. chagasi. Das punções dos linfonodos poplíteos nove foram positivas e cinquenta amostras de sangue venoso foram positivas nas reações de PCRs. Na análise filogenética dos isolados 100% de similaridade com a espécie Leishmania infantum chagasi. Um dos isolados é de um cão residente no município de São Paulo.

Dos cães incluídos no estudo 90% são residentes ou residiram em abrigos, nenhum deles havia sido submetido a nenhuma técnica para diagnóstico de leishmaniose e muitos já haviam sido expostos em feiras de adoção. Não há nenhuma lei que regulamente as feiras de adoção no sentido de atestar saúde do animal, assim como não há legislação que regulamente o trânsito de animais domésticos que inclua testes para a doença. Esse cenário é muito preocupante se considerar que o número de casos entre humanos é crescente e o Brasil representa 90% dos casos registrados nas Américas.

É necessário que mais estudos sejam realizados para que as autoridades de Vigilância Sanitária tenham mais recursos para traçar novas formas de combate à doença.

Autora: Dra: Vilma Pereira da Costa.

 

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